Gigantes vs Minorcas
2017-01-20
Texto: Carlos A Henriques
Introdução
A entrada em jogo da Tecnologia Digital acarretou consigo, entre outras consequências, um elevado número de siglas, acrónimos e termos, na maioria dos casos pertencentes, até então, a um restrito núcleo de utilizadores, passando os mesmos a ser usados pelo comum dos cidadãos, apesar do desconhecimento, na maioria dos casos, do real significado.
Sem que haja da nossa parte qualquer motivo de ordem no sentido de uma campanha de alfabetização tecnológica, achamos por bem, “just in case”, de aqui trazer os de uso mais comum, dando também uma perspectiva dos que por aí se preparam para invadirem as nossas conversas.
Z80 (CPU)
Os KK, os Mega e os Giga
O aparecimento dos microprocessadores na segunda metade da década de setenta e início da de oitenta, do século passado, e, como consequência, os microcomputadores, nomeadamente o Z80, Commodore 64 (C64) e o ZX Spectrum, corresponderam, então, a grandes avanços de processamento informático a nível doméstico, com valores na capacidade de armazenamento, à data, considerados surpreendentes. Senão vejamos:
Estávamos, então, na era dos KK, correspondendo 1K a 1.024, ou seja, 210, dado que no sistema de numeração binária, com apenas dois dígitos, a base é representada pelo digito 2, sendo o expoente de zero a infinito, ou seja:
20=1; 21=2; 22=4; 23=8; 24=16; 25=32; 26=64;
27=128; 28=256; 29=512; 210=1.024 e 211=2.024.
Ao valor de 210=1.024 dá-se a designação de K (Kilo), pelo que 211=2.024 corresponde a 2K e 212=4.096, que não é mais do que o tão falado 4K.
Para o sistema de numeração decimal (base 10) 1K corresponde a 103=1.000, sendo o 2K=2.000 e 4K=4.000, e, assim, sucessivamente.
O microcomputador ZX Spectrum
Com o desenvolvimento de novas versões no campo dos computadores, e outros, rapidamente se esgotaram os KK, dado ser tecnicamente mais manuseável, tanto na escrita como na fala, a passagem aos múltiplos superiores, nomeadamente ao Mega (M), que o mesmo é dizer 106, sendo em binário 220, equivalentes a mil KK e o Giga (G) que não é mais do que um milhão de KK, na base decimal igual a 109 e na base binária 230
Entretanto, no Cinema e Televisão, a entrada do Digital e como consequência deste a chamada Alta Definição, assim como resoluções superiores, o mesmo fez com que entrasse em cena um “novo” múltiplo, mil vezes superior ao Giga e um milhão de vezes o Mega, ou seja, o Tera (T), valendo este, então, 1012 e 240 respectivamente.
O valor de 7TB por dia na rodagem de um filme de fundo passou a ser um valor normal quando se está a falar no registo de imagens com a resolução 4K, o que obriga as empresas de pós-produção ao recurso de enormes capacidade a rondar o próximo múltiplo, que o mesmo é dizer, o Peta (P), numericamente equivalente a 1015/250.
O termo Peta, já muito usado em Televisão, em especial quando se fala em capacidade de servidores, como o PetaSite, está a começar a dar lugar ao próximo múltiplo, concretamente ao Exa (E), neste caso com o valor 1018/260, sendo, para já, o próximo objectivo a atingir pelos fabricantes de equipamento com o mercado cinematográfico e televisivo em vista.
Zetta (Z), ou seja, 1021/270, e Yotta (1024/280) são os dois últimos da série com designação internacionalmente aceite, cuja previsão em aplicações audiovisuais está ainda por fazer, contudo, com o Cinema e a Televisão holográfica já na década de 30’, do presente século, tudo leva a crer da sua necessidade.
A série de múltiplos segue até 10100, contudo, cujo valor tão elevado levou Carl Sagan a preconizar que a quantidade de partículas elementares presentes no Universo ronda os 1080.
Submúltiplos
Deixando, para já, os gigantes de lado, viremo-nos para os minorcas, ou, mais tecnicamente falando, para os submúltiplos, os quais vão no sentido oposto aos anteriores, tendo já alcançado valores deveras surpreendentes.
Comecemos com o mili (m), o qual é equivalente à milésima parte de uma determinada quantidade, 10-3, como acontece quando nos estamos a referir às dimensões de película cinematográfica ou televisiva, que o mesmo é dizer, de 35mm, 16mm, super 8mm ou simplesmente 8mm, sem nos esquecermos da de 65mm e 70mm, respectivamente.
Depois avançamos para o micro (µ), 10-6, muito usado em Televisão, em especial quando nos referimos ao tempo gasto pela exploração de uma linha de imagem, como, por exemplo, aos 64µs, na norma BG.
O nano (n), 10-9, dá também muito jeito quando nos referimos a tempos de propagação através de um circuito electrónico, dado serem deste tipo os valores típicos apresentados, isto sem deixarmos cair o termo nanotecnologia, tão em voga nos dias que correm quando fazemos alegações à miniaturização de circuitos electrónicos.
Pico ou 10-12 é o submúltiplo que se segue, por vezes referido como micro-micro, pelo facto de ser equivalente a duas vezes 10-6 (micro), é muito utilizado na indicação do valor da capacidade do componente eléctrico/electrónico condensador.
E, eis, que chegamos ao femto, que o mesmo é dizer, a 10-15, usado quando nos queremos referir a comprimentos de onda muito curtos, como os apresentados pelos raios LASER (Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation) usados no registo e leitura dos futuros suportes de preservação de imagens em movimento baseados em cristais de Quartzo, ou, então, à nova fonte de luz dos modernos projectores de Cinema em substituição das “velhinhas” lâmpadas de Xenon.
No fim da escala temos o atto, 10-18, o zepto, 10-21 e o yocto, 10-24, a que se seguem outros de menor peso até 10-100 sem designação específica entretanto aprovada.