A ENTRADA EM CAMPO DO PLASMA
26/03/2024
Texto: Carlos A Henriques
A busca constante de novas tecnologias que permitam a reprodução em ecrã de imagens com uma qualidade extrema tem sido mote ao longo de muitas décadas, correspondendo ao TRC/CRT, já aqui tratado no Artigo anterior sobre Ecrãs, o primeiro a ser aceite pela comunidade internacional como apresentando qualidade profissional.
No presente Artigo iremos fazer a primeira parte da abordagem aos Ecrãs Plasma, deixando, para mais tarde, a comparação com as tecnologias entretanto apresentadas, nomeadamente da LCD, LED, OLED e outras, para que o Leitor possa fazer a apreciação global do modo como as imagens se apresentam nos visionamentos diários levados a efeito, tendo em atenção os vários dispositivos a que recorre no dia-a-dia.
Desde os tempos em que se aprendia na escola a existência de três estados da matéria, concretamente o sólido, liquido e gasoso, concluiu-se com as investigações entretanto realizadas que de facto há mais um, o qual dá pelo nome de Plasma, contemplando este o fogo e a luz, entre outros.
Estados da Matéria
A juntar a estas verdades, então aprendidas, havia o conceito de que a vida à superfície do planeta Terra só era possível graças há existência de água, contudo omitia-se o facto de que, caso não existisse a energia produzida pelo Plasma resultante das reacções de fusão no interior do Sol tal existência ficaria em causa.
Do que se afirma, fácil é imaginar a importância do plasma nas nossas vidas, tendo este estendido também a sua acção, em finais dos anos 80, do século passado, aos ecrãs de Televisão.
O “Nosso” Sol. Fonte Inesgotável de Plasma
Plasma. Do que se trata?
Em termos genéricos pode definir-se o estado de matéria Plasma como sendo uma massa constituída por “electrões” livres, os quais apresentam carga eléctrica negativa, e partículas de carga eléctrica positiva denominadas “catiões”.
A matéria plasma não apresenta uma forma específica, assim como um volume consistente, ou seja, o Plasma pode deslocar-se através de um contentor e tomar a forma deste e, através de expansão, ocupar todo o espaço disponível ali existente.
O Plasma na Sua Essência
O Que Está Em Jogo
De acordo com os estudos realizados na University of Missouri (UM), nos EUA, foi desenvolvido um novo método de criação e controlo de Plasma, o qual poderá vir a transformar as práticas actuais de geração de energia, assim como o seu modo de armazenamento.
O resultado dos trabalhos desenvolvidos pelo Prof. Randy Curry e a sua equipa, na Universidade do Missouri, conduziram ao desenvolvimento de um dispositivo com a capacidade de lançamento de um anel de plasma a uma distância de 60cm.
Apesar do Plasma atingir uma temperatura superior à da superfície solar, este não emite qualquer radiação e é completamente seguro no que diz respeito à aproximação de seres humanos ao mesmo.
O segredo do sucesso do Prof. Randy Curry reside, simplesmente, no desenvolvimento de um processo de obtenção de Plasma a partir do seu próprio campo magnético o qual o acompanha na propagação através do ar.
Para o Prof. Randy Curry:
“O lançamento de matéria no estado Plasma através do ar que todos nós respiramos, é equivalente, em física, ao “Holy Grail” (Santo Graal-Cálice de Cristo) na religião”
Acrescentando:
“A produção de plasma num tubo de vácuo envolvido por um sistema electromagnético de elevada potência não é grande novidade, dado que dezenas de laboratórios em todo o Mundo já o fizeram. A inovação que introduzimos permite ao plasma a sua própria propagação através do ar comum sem estar imerso num sistema baseado em contentor especialmente concebido para o efeito”
Aplicação do Plasma aos Ecrãs de Imagem
Uma vez dominada a tecnologia de produção e contenção de Plasma, a sua aplicação ao campo da reprodução de imagem no chamado Ecrã Plano, foi imediata, dando origem aos chamados PDP (Plasma Display Panel-Ecrãs Painel de Plasma).
Mas, como é que funciona este tipo de ecrã?
Colocam-se entre duas superfícies de vidro uma determinada porção de plasma, contendo esta a capacidade de reacção pontual, através de raios invisíveis ultravioleta, à excitação Vermelha (R), Verde (G) e/ou Azul (B), que o mesmo é dizer, a correspondente às três cores primárias do sistema aditivo de cores.
Plasma de 64” (Samsung)
Esta tecnologia, por incrível que pareça, surgiu na década de 60 do século passado, com o lançamento dos monitores monocromáticos, em 1964, os quais equipavam os computadores PLATO, contudo o seu aperfeiçoamento para a reprodução cromática e aplicação em larga escala só se verificou com o aproximar do ano 2000, concretamente em 1997, com uma resolução SD de 852x480=408.960Píxeis, custando à data um televisor de 42 polegadas (106,68cm de diagonal) a módica quantia de 15.000U$D.
Com uma excelente resposta aos chamados pretos da imagem, algo parecido à tecnologia do Tubo de Raios Catódicos (TRC/CRT), o seu desenvolvimento a partir de 2010/12 tornou-se cada vez de menor intensidade, isto por várias razões, como:
O abandono total deu-se em 2014, ano em que a LG, Panasonic e Samsung lançaram o último modelo, o qual teve que se confrontar com as novas tecnologias, então na fase de evolução, no sentido de darem resposta às necessidades que o consumo doméstico passou a carecer.
Ecrã com memória permanente (Burn-In)