Texto: Carlos A Henriques
A indústria cinematográfica e televisiva na sua evolução natural, requer da parte dos profissionais envolvidos uma constante adaptação tantos às “modas” instaladas como às novas prestações dos equipamentos disponibilizados. A filosofia “SnorriCam” encaixa, perfeitamente, no que se designa por “linguagem do audiovisual”.
Do que se trata?
Em termos gerais, o “SnorriCam” não é mais do que um dispositivo ou uma técnica baseado no princípio de a câmara que está a captar uma dada cena ser fixada ao corpo do actor ou do objecto a captar, mantendo-se a sua imagem sempre na mesma posição e o fundo em permanente alteração motivada pelo movimento da pessoa ou objecto, criando-se, deste modo, uma sensação de vertigem, perigo, algo hilariante ou de cariz introspectivo, a qual é muito eficiente na elaboração de filmes ou programas de Televisão.
Origem
Em meados dos anos 90, do século passado, na rodagem de um vídeo musical de baixo orçamento de uma banda punk, Einar Snorri e Eiór Snorri, Fotógrafos e Realizadores Islandeses, sem qualquer relação familiar, contudo, sócios na empresa Snorri Bros, aplicaram pela primeira vez, em vídeo, este conceito.
Um amigo de ambos, Eric Watson, produtor de filmes de fundo, ao assistir às filmagens concluiu de imediato o potencial deste tipo de suporte de câmara, já usado anteriormente no Cinema em casos muito pontuais, pelo que solicitou o empréstimo do dispositivo para mostrar ao Realizador (Darren Aronofsky) do filme que estava a produzir (Pi/π), o qual o aceitou de imediato dado o mesmo ser a peça perfeita para se obter o efeito pretendido.
Darren ficou tão entusiasmado com o resultado obtido que o levou a recorrer, sistematicamente, ao longo da sua carreira efeito SnorriCam, sendo o de maior repercussão o filme “Requiem For A Dream”.
Este efeito acabou por ser reconhecido pelas principais Academias de Cinema de todo o Mundo e usado frequentemente pelos mais diversos Realizadores nos filmes por si dirigidos como “28 Weeks Later”, “Armageddon”, “Behind Enemy Lines”, “Blue”, “Bully”, “Guru”, “Kaminey”, “Lord of War”, “Mean Streets”, “Shrooms”, “Slumdog Millionaire”, “Stay”, “The Hangover”, “Truck Turner”, entre dezenas de origem diversa.
A Televisão e a Publicidade fazem uso sistemático desta técnica em todos os géneros de programas desde ficção aos chamados programas de “fluxo”.
As Dificuldades do Sistema
De início o Cinema, dito profissional, olhou de lado para o sistema, não pelo efeito produzido mas pelo facto de as câmaras de filmar de 35mm serem muito pesadas. Contudo, com o aparecimento e uso generalizado do Steadicam, e do lançamento no mercado de câmaras mais ligeiras, o efeito SnorriCam encontrou um meio adequado à sua utilização.
A HeadCam
Tal como acontece com o SnorriCam na HeadCam, a câmara é transportada pelo Actor ou objecto, só que colocada ao contrário, ou seja, em vez de captar a cara do Actor ou objecto, capta o que estes estão a ver.
Outras Designações
O termo Snorricam não é único para designar o efeito descrito, dado haver imensos termos que dizem respeito ao mesmo como, por exemplo, “BodyCam”, “BodyMount”, “BodyMount Camera”, “ChestCam” ou “FaceCam” cuja aplicação depende da origem dos utilizadores, ou seja, da Escola frequentada, do País de origem ou tentativa de cópia do Mestre patrono.