Museu Vivo do Cinema
Introdução
O primeiro contacto ao vivo com o biografado deu-se em 1963, no Estúdio 1 da RTP, na Alameda 44, ou seja, nos chamados estúdios do Lumiar, sendo para nós o “encontro” com a magia do Cinema e o sonho da Televisão, dado que na qualidade, à data, de um jovem em busca dos segredos de como se faziam as coisas, o encontro com António Lopes Ribeiro teve como primeiro significado e desabafo:
“Então é assim que se faz! Nada mau para quem busca o saber do Audiovisual”
E lá está o ecrã branco, o piano, o maestro António Melo, e aquela figura muito alta e carregada de sabedoria sobre a arte de ver, produzir, realizar e exibir imagens em movimento na grande maioria já com algumas décadas de existência, as quais nos contavam muitas das histórias que a nossa infância tinha retido num imaginário que só o Cinema foi capaz de preservar.
A realização e produção cinematográfica foram os campos que o mais seduziram, contudo, outras áreas foram abarcadas pelo seu saber e entusiasmo como, a poesia, da qual se destaca o poema “Procissão”, interpretado magistralmente por João Villaret, foi Radialista na antiga Emissora Nacional (hoje RDP) com um programa musical dedicado ao jazz, Crítico de Cinema, Jornalista, Argumentista, Produtor, Realizador, Director Artístico, Montador, Tradutor, Empresário Teatral, Encenador e Apresentador de Televisão.
É de sua autoria a célebre frase:
“A TV não é senão o prolongamento do próprio Cinema, como o Cinema foi o prolongamento do Teatro”
Nascimento e Origens
No dia 16 de Abril de 1908 nascia, em Lisboa, António Lopes Ribeiro, em pleno período de contestação republicana e agonia da monarquia em Portugal, tendo “assistido” a duas Guerras Mundiais, ao fim dos Czares na Rússia, à Guerra Civil em Espanha e à Guerra Colonial Portuguesa, factos que de um ou outro modo o moldaram e canalizaram nalguns dos filmes que viria a produzir e a realizar num espaço temporal considerado um dos mais longos e produtivos da história do Cinema mundial.
Fez o ensino secundário no Liceu Pedro Nunes, em Lisboa, assim como frequentou o ensino superior no IST (Instituto Superior Técnico) cujo curso de engenharia não concluiu face à dedicação que dava às actividades em que se envolvia, não deixando tempo livre para os estudos que lhe iriam dar, teoricamente, as bases para um futuro mais sólido no chamado campo profissional.
Graças a uma greve estudantil, em 1926, o mote para deixar para trás o curso “tão desejado”, rumou a outras paragens, ou seja, entrou definitivamente na actividade que o preenchia dos pés à cabeça, iniciando, então, uma carreira onde fez de tudo.
O Crítico Cinematográfico
Aos 17 anos, ou seja, em 1925, pela mão de um tio, que era caricaturista na revista satírica “Sempre Fixe”, iniciou a sua actividade profissional na qualidade de crítico de Cinema neste semanário, tendo sido de seguida contratado pelo Jornal Diário de Lisboa para dar vida a uma página sobre Cinema a ser editada semanalmente, usando, então, o pseudónimo “retardador”, tendo fundado e dirigido, como consequência dessa mesma experiência acumulada, várias revistas da especialidade tais como, “Imagem” (1928), com Chianca de Garcia, a que se seguiu a “Kino” (1930) e mais tarde as duas séries da “Animatógrafo” (1933 e 1940).
Foi um defensor acérrimo do Cinema sonoro, contrariando as ondas da época as quais consideravam que a adesão a este meio tecnológico o Cinema perdia as suas raízes, passando a ser algo descodificado, ou seja, a própria natureza das coisas sem arte e por isso sem interesse.
Foi fundador do jornal desportivo “A Bola”, então semanário, sendo o logótipo então usado, o mesmo de hoje, resultante de uma encomenda que fez a um designer de origem alemã, especialista neste tipo de trabalhos.
O “Notícias Ilustrado”, “Diário Popular”, “Cine-Jornal” e na “Revista de Portugal”, entre outros, foram os títulos por onde o seu saber e capacidade de análise fizeram escola junto dos potenciais candidatos à actividade cinematográfica, assim como dos profissionais em exercício.
A escrita apurou o apetite para a realização de filmes, o que veio a acontecer aos 20 anos (1928), precisamente com um documentário a que deu o nome “Bailando ao Sol”.
Contudo, o seu périplo pelas principais cidades europeias (1929) onde se fazia Cinema a sério, como Barcelona, Berlim, Milão, Moscovo, Paris, Viena e Nice, deu-lhe a possibilidade de travar conhecimento com os cineastas em voga na época, com os quais trocou ideias, métodos de trabalho, filosofias e técnicas de montagem e géneros cinematográficos, nomeadamente com Serguei Eisenstein e Dziga Vertov.
Graças ao contacto internacional estabelecido trava conhecimento com o Realizador alemão Erich Schönfelder, o que lhe veio proporcionar a realização das cenas em território português do filme “Fräulein Lausbub” (“Menina Endiabrada”), constituindo esta experiência algo de muito enriquecedor para o trabalho que veio a concretizar no futuro.
A Produtora Dos Seus Sonhos
Com o entusiasmo que o caracterizava, com o objectivo de fazer cada vez mais e melhor, levou-o, em 1941, à criação de uma empresa cuja vocação era a de produzir e realizar filmes a que deu o nome de “Produções António Lopes Ribeiro”, com a qual deu ao Cinema português uma nova dinâmica, ou seja, possibilitou a produção com mais regularidade de filmes para o portfólio nacional, contribuindo, definitivamente, para o aparecimento do chamado “período de ouro”, destacando-se as obras “O Pai Tirano”, “Aniki-Bobó”, “O Pátio das Cantigas”, “Amor de Perdição”, “Camões”, “Frei Luís de Sousa” e “O Primo Basílio”.
Dadas as características do seu Cinema, no período de 1937 a 1970, evidenciarem o tema “actos oficiais do Estado Novo”, este foi considerado por muitos autores como o “Cineasta do Regime”, contribuindo para tal as obras “A Revolução de Maio” (1937), “Feitiço do Império” (1940), “Manifestação Nacional a Salazar” (1941), “A Exposição do Mundo Português” (1941), “Inauguração do Estádio Nacional” (1944), “A Morte e a Vida do Engenheiro Duarte Pacheco” (1944), “O Cortejo Histórico de Lisboa” (1947), “30 Anos Com Salazar” (1953) e “Rainha Isabel II em Portugal” (1957), entre outros.
Para ficar próxima dos estúdios onde rodava, normalmente, os interiores dos seus filmes, a sede da sua empresa era precisamente na Alameda das Linhas de Torres, ao Lumiar, em Lisboa, junto ao complexo cinematográfico que dava pelo nome “Tobis Portuguesa”, entretanto desmantelado (2012).
O Empresário Teatral
Dando graças à sua enorme capacidade de concretização de projectos nas áreas em que se envolvia, o Teatro foi outra das experiências, na qualidade de empresário, encenador e tradutor, tendo fundado em 1944 a Companhia “Os Comediantes de Lisboa”, tendo escolhido para sócio o seu irmão Ribeirinho (Francisco Ribeiro).
Esta vertente na vida de António Lopes Ribeiro ficou a dever-se, em parte, à necessidade de dar uma resposta positiva à lei de então sobre estreias de filmes em salas de Teatro, ou seja, ao pretender fazer a estreia do seu filme “Amor de Perdição” (1944) no Teatro da Trindade, o mesmo foi obrigado, após saída do filme do cartaz, a levar à cena algumas peças como foi o caso de “Pigmalião”, “Fanny”, “O Cadáver Vivo”, “ O Rei”, “Topaze”, “Lady Kitty”, “Pedro Feliz”, “O Conde Barão”, tendo nesta qualidade dado trabalho a grandes nomes, como foi o caso de João Villaret, António Silva, Maria Lalande, Nascimento Fernandes, Artur Semedo, Carmen Dolores, Assis Pacheco, José Amaro, Josefina Silva, Sales Ribeiro, Alves da Cunha, Canto e Castro, Eunice Munoz, entre outros.
A Companhia cessou a sua actividade em 1950, após ter passado, ainda, pelos palcos do Teatro Avenida e Teatro Apolo, tendo, entretanto, mais propriamente em 1947, influenciado a designação do grupo radiofónico “Parodiantes de Lisboa”, o qual fez história no humor nacional durante décadas.
Ainda no campo do Teatro, fundou em 1952 o “Teatro do Povo”, no qual foram representadas peças de sua autoria assim como de Gil Vicente.
O Radialista
A sua actividade radiofónica está directamente ligada à criação, em 1933, da Emissora Nacional, da qual fez parte dos seus quadros de pessoal, situação que se manteve até 1936.
De 1935 a 1936, na qualidade de Director de Música Mecânica, foi o grande mentor da devida organização da discoteca da Estação Pública de Rádio, ou seja, da EN (Emissora Nacional), tendo à data sido o responsável por um programa semanal dedicado ao Jazz, sendo de sua autoria os textos que lia aos microfones, assim como a escolha das faixas musicais a emitir, tendo esta experiência, segundo palavras suas, fundamentais para a sua formação como Autor, Realizador e Produtor cinematográfico.
O Poeta
Outra das sua facetas foi a Poesia da qual se destaca, por ser a mais conhecido, em parte graças à excelente interpretação de João Villaret, o poema “Procissão” (1956):
Procissão
Tocam os sinos da torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Vai passando a procissão.
Mesmo na frente, marchando a compasso,
De fardas novas, vem o solidó.
Quando o regente lhe acena com o braço,
Logo o trombone faz popó, popó.
Olha os bombeiros, tão bem alinhados!
Que se houver fogo vai tudo num fole.
Trazem ao ombro brilhantes machados,
E os capacetes rebrilham ao sol.
Tocam os sinos na torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Vai passando a procissão.
Olha os irmãos da nossa confraria!
Muito solenes nas opas vermelhas!
Ninguém supôs que nesta aldeia havia
Tantos bigodes e tais sobrancelhas!
Ai, que bonitos que vão os anjinhos!
Com que cuidado os vestiram em casa!
Um deles leva a coroa de espinhos.
E o mais pequeno perdeu uma asa!
Tocam os sinos na torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Vai passando a procissão.
Pelas janelas, as mães e as filhas,
As colchas ricas, formando troféu.
E os lindos rostos, por trás das mantilhas,
Parecem anjos que vieram do Céu!
Com o calor, o Prior aflito.
E o povo ajoelha ao passar o andor.
Não há na aldeia nada mais bonito
Que estes passeios de Nosso Senhor!
Tocam os sinos na torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Já passou a procissão.
O Tradutor
É da sua responsabilidade, entre outras, a tradução, em 1957, da peça de Teatro “Três Rapazes e Uma Rapariga”, de Roger Ferdinand, dramaturgo francês, a qual foi levada à cena por um elenco de luxo, do qual se destacam os nomes de Vasco Santana, Henrique Santana, João Perry e Raul Solnado.
O Pedagogo e a Televisão
A arte de explicar ao público telespectador comum as técnicas empregues na feitura de filmes, no modo como era feita a representação, a datagem das obras apresentadas, as histórias envolvidas com Charlie Chaplin e Max Linder, e tudo à volta do Cinema de antigamente, encontrou em António Lopes Ribeiro o interprete ideal para tal fim.
Foto de José Manuel Tudela
O programa, realizado nos estúdios do Lumiar, chamava-se “Museu do Cinema”, e existiu entre 1961 e 1974 na RTP 1, numa primeira fase, tendo retornado em 1982, para divulgar também alguns filmes de origem portuguesa, neste caso a partir dos estúdios da RTP-Porto, durante um curto período de tempo correspondente a apenas cinco meses, contudo, e como os filmes abordados eram do período do Cinema mudo, os mesmos careciam de uma espécie de sonoplastia, a qual era feita, de um modo sublime, ao piano e em directo, pelo maestro António Melo.
Com o 25 de Abril de 1974 a vida começou a correu-lhe mal, dada a sua “ligação” umbilical com o sistema deposto, tendo sido apelidado, então, de “Realizador do regime”.
Voltou à Televisão (RTP) de novo em 1984, não na qualidade de Realizador ou Apresentador, mas, sim, como Actor na novela “Chuva na Areia”, superiormente realizada por Nuno Teixeira, interpretando a personagem de um padre todo liberto das normas então vigentes na Igreja católica. Faziam parte do elenco figuras marcantes do Teatro português como Rogério Paulo, José Viana, Virgílio Ferreira, Armando Cortez, Mariana Rey Monteiro e Carlos Wallenstein.
O Escritor
A edição de livros de sua autoria foi outra das suas vertentes, destacando-se “O Livro de Aventuras” (1939), “O Livro das Histórias” (1940), sendo este uma compilação de sonetos e poemas, e, ainda, a colectânea de crónicas entretanto publicadas nos vários órgãos de comunicação social onde colaborou, tendo resultado em 1962 “Esta Pressa de Agora”, em 1963 “Anti-Coisas & Tele-Coisas” e em 1964 “Belas-Artes & Malas-Artes”.
Jornais de Actualidades
No período que antecedeu a entrada dos Centros Comerciais como locais privilegiados para o visionamento de filmes em alternativa às chamadas salas tradicionais, que o mesmo é dizer, aquelas que existiam de um modo individual, ou seja, não inseridas num determinado complexo com um determinado número de salas, visionar um filme implicava ter que “suportar” dois intervalos, isto por questões comerciais, dada a existência de um ou mais bares, correspondendo à primeira parte um bloco de notícias, já retardadas face à tecnologia de captação, revelação, distribuição e exibição empregue, um Documentário português/estrangeiro de média duração e a fechar um desenho animado do tipo “Pantera Cor-de-Rosa”, “Bugs Bunny” ou outro.
A segunda parte era preenchida com auto-promoções a se seguia o filme de fundo anunciado, ocupando este a totalidade da terceira parte.
Era precisamente na primeira parte que a indústria nacional entrava, dado haver espaço para um resumo de notícias e ainda para um Documentário, dando estes trabalho aos cineastas portugueses, o que aconteceu com António Lopes Ribeiro com o seu “Jornal Português”, entre 1938 e 1951, assim como “Imagens de Portugal”, no período de 1953 a 1958, respectivamente.
Actividade Sindical
Tendo-se em consideração o facto de a actividade sindical ser no país no período anterior ao 25 de Abril de 1974, em termos oficiais, um mero exercício de fachada, António Lopes Ribeiro teve a vantagem de ao estar por dentro do sistema levar a quem de direito algumas mensagens importantes, o que redundou em vantagens para o Cinema nacional então produzido.
Foi Presidente do Sindicato dos Profissionais de Cinema em dois períodos distintos, respectivamente de 1938 a 1943 no primeiro, e de 1957 a 1974 no segundo, denotando um jeito especial para os temas mais escaldantes da actividade e ajuda na resolução dos mesmos.
Obra Cinematográfica Global
A grande versatilidade de géneros conduziu a sua vida, enquanto Produtor e Realizador, de 1928 a 1974, a mais de cem obras, sendo o documentário o grande campo de actuação, sempre próximo ou mesmo ao lado das manifestações ideológico/culturais do Governo dessas datas, assim como a adaptação de alguns clássicos da literatura portuguesa, para além das apreciadas comédias, tão ao gosto popular, que chegaram aos nossos dias.
O Guionista
Dando azo à sua grande capacidade de escrita, desenvolvida na sua actividade enquanto crítico, todos os guiões dos seus filmes foram da sua responsabilidade, havendo num caso ou noutro a ajuda de um segundo elemento, como aconteceu em 1937, na escrita do argumento de “A Revolução de Maio” com o seu amigo António Ferro, responsável, durante décadas, pela censura de tudo o que era escrita na imprensa, teatro, cinema, assim como acumulava as funções de promoção da propaganda do regime, assinando este, por razões óbvias, com o pseudónimo de Jorge Afonso e António Lopes Ribeiro como Baltazar Fernandes.
“A Revolução de Maio” foi subsidiado por tal razão pelo Secretariado de Propaganda Nacional, cujo responsável directo era, precisamente, António Ferro.
Há, em “Gado Bravo” (1934) a única excepção à regra anterior, tendo, contudo, dado uma mãozinha na escrita dos argumentos de “O Pátio das Cantigas” (Francisco Ribeiro-1934) e de “Camões-Erros Meus, Má Fortuna e Amor Ardente” (Leitão de Barros-1946) dos quais foi Produtor, na linha do que já tinha acontecido anteriormente na mãozinha que lhe deu na escrita de Maria do Mar (1930).
Por influência de António Ferro, assim como gosto pessoal, os clássicos da literatura portuguesa fizeram parte da sua obra cinematográfica como “Amor de Perdição” (Camilo Castelo Branco-1943), com o qual alcançou um enorme sucesso, “Frei Luís de Sousa” (Almeida Gasrret-1950), não tendo tido este a sorte do anterior junto do público, “O Primo Basílio” (Eça de Querós-1959), um enorme fracasso, o que levou, possivelmente, António Lopes Ribeiro a não realizar mais nenhuma grande metragem.
Missão Em África
A sua importância enquanto homem de mão de António Ferro, leva-o até ao continente africano, em 1938, agora na qualidade de Director Artístico da Missão Cinematográfica às Colónias de África, tendo trabalhado localmente em múltiplas produções, resultando desta acção o surpreendente “Feitiço do Império” (1940).
Os Filmes Mais Marcantes
O destaque às Obras mais viradas para o chamado Cinema de grande público em sala leva-nos ao mundo do cineasta em que este se revê como “verdadeiro” Realizador, sendo filmes de fundo ou longas metragens, sobre as quais irá ser feita uma ligeira abordagem.
Gado Bravo (1934)
A criação de touros, os toureiros e as touradas, assim como o amor dividido por duas mulheres, uma portuguesa e outra estrangeira, por um toureiro afamado.
A Revolução de Maio (1938)
A convite de António Ferro escreveu e realizou este filme cujo objectivo foi o de enaltecer os 10 anos comemorativos da implantação do Estado Novo, ou seja, um filme de exaltação nacionalista com o qual, assim como com outros que se seguiram no género Documentário, lhe vieram a criar enormes problemas no período imediato ao da Revolução dos Cravos (1974).
Foi o primeiro filme de António Lopes Ribeiro a ser financiado pelo Secretariado da Propaganda Nacional.
Feitiço do Império (1940)
Com a produção a cargo da Agência Geral das Colónias/Missão Cinematográfica às Colónias de África, pretendeu-se com esta obra a chamada exaltação das então colónias portuguesas, envolvendo um emigrante português na América que convence o seu filho, entretanto naturalizado americano, a visitar Angola e as belezas africanas.
O Pai Tirano (1941)
Trata-se de uma comédia, bem ao jeito do gosto português, correspondendo este filme ao primeiro produzido e realizado por António Lopes Ribeiro, no qual são relatadas as aventuras e desventuras amorosas de um caixa por uma colega dos então famosos Armazéns do Grandella, em Lisboa, entretanto desaparecidos com o incêndio do Chiado em 1988 (25 de Agosto).
Amor de Perdição (1943)
Transposição para linguagem cinematográfica da obra homónima de Camilo Castelo Branco, na qual se relata o ódio desenvolvido entre duas famílias graças a um amor impossível cuja tragédia é o final esperado.
A Vizinha do Lado (1945)
Com base numa história escrita por André Brun, na qual se faz uso de estereótipos da década de 40, António Lopes Ribeiro encarregou-se não só da adaptação à linguagem cinematográfica como foi Director de Produção do mesmo.
Frei Luís de Sousa (1950)
A adaptação da obra de Almeida Garret, assim como a planificação e a própria realização esteve a cargo de António Lopes Ribeiro, na qual se relata o regresso da batalha de Alcácer-Quibir, passados vinte anos, do marido de D. Madalena de Vilhena. É mais um filme de exaltação lusitana, na qual o Realizador com a sua mestria sentia-se como peixe na água.
Este filme foi subsidiado pela Academia das Ciências, sendo a sua condução feita como se de Teatro clássico se tratasse, sendo os diálogos declamados, vivendo de uma cenografia luxuosa mas monótona, e interpretado pelas maiores figuras do Teatro de então como, Maria Sampaio, Barreto Poeira, Tomas de Macedo, José Amaro, Maria Dulce, Raul de Carvalho e João Villaret.
O Primo Basílio (1959)
Outro dos clássicos da literatura portuguesa, da autoria de Eça de Queirós, adaptado ao Cinema por António Lopes Ribeiro, no qual é evidenciada a história de amor proibido entre Luísa e Basílio.
Nome de Rua
Em Lisboa, mais propriamente no Parque das Conchas, ao Lumiar, bem perto do local onde existiu a Tobis Portuguesa, onde António Lopes Ribeiro rodou muitos dos seus filmes, fica uma Rua com o nome daquele que muito deu ao Cinema Nacional.
Filmografia
Realizador
Filmografia
Produtor
Fontes: História da Televisão em Portugal 1955/1979 de Vasco Hogan Teves (Editora TV Guia-1998), Blogue “Restos de Colecção”, Infopédia, Dicionário do Cinema Português (1895-1961) de Jorge Leitão Ramos (Editorial Caminho-2011), Centro de Língua Portuguesa/Instituto Camões e Memória do Biógrafo